sexta-feira, 16 de abril de 2010





Eu acho tão, tão, tão, mas tãããão legal ver que uma pessoa é otimista 100% do tempo. Mesmo, de coração. Admiro de verdade. Mas, por favor, não espere que eu seja também, porque isso está muito além das minhas limitações humanas.

Ok. Admito. Não estou num dos meus melhores dias, muito menos no dia mais otimista, e quando estou nesses dias, preciso ser extremamente estrategista.
Número 1: procuro estar em contato com o menor número de pessoas possível.
Número 2: se me perguntarem se estou bem, eu minto e digo que sim.
Número 3: se me conhecerem bem e souberem que estou mentindo, evito falar sobre o que me aflige.
Número 4: quando não consigo evitar de falar sobre o assunto, ou, se preciso desabafar, escolho aquele amigo com a porcentagem mais razoável de otimismo.

Eu já caí na besteira de conversar com “otimistas extremistas” em dias assim, e já cheguei a seguinte conclusão: eles não respeitam a falta de fé referente a nada. Não importa sobre o que seja a sua percepção pessimista, é inaceitável. Independente de ser um raciocínio coerente ou só um desabafo, é inadmissível ter uma opinião negativa, mesmo se esta for totalmente realista.

Sim, dias melhores virão. Pode ser só uma fase mesmo. De tudo é possível tirar alguma coisa positiva, mesmo que seja um aprendizado. Acreditar, ter esperança e fé é essencial. Não há mal que dure para sempre. Mas também não existe felicidade eterna.

E é por não existir felicidade eterna e plena que todo mundo tem o direito de esbravejar de vez em quando, de ficar chateado e descrente, de perder as esperanças de vista em algum momento da vida. E isso também não é compreensível, e merece respeito?

Eu ando colecionando frustrações, mas não são delas que me refiro. Conquistas e frustrações pessoais fazem parte do processo na vida de qualquer pessoa. Hoje eu estou exaurida, como se pudesse sentir o peso do mundo nas minhas costas, depois de um dia inteiro de notícias ruins, de conclusões drásticas e de ser testemunha de desgraças alheias. Caramba, o que está havendo com o mundo?

Ufa! Como pesa existir!!!

Em dias assim, frases prontas de otimismo não fazem efeito algum, por mais que eu tenha conhecimento da veracidade delas, me causam apenas uma reação: irritação. Por isso, as estratégias se fazem tão necessárias nessas horas.

É o melhor para todos, “cada um no seu quadrado”, sem interferir no pensamento positivo alheio, ou na falta dele. E eu sigo duvidando do otimismo e pessimismo enquanto estados permanentes de humor. Às vezes você está, às vezes, não está. Ser ou não ser pessimista ou otimista requer um equilíbrio que raríssimas pessoas são capazes de alcançar.

E não, eu não perdi as esperanças no melhor. E mesmo quando o mundo resolve cair de uma vez só na minha cabeça, eu não fico esperando pelo pior. Só me sinto no direito de, por alguns instantes, emburrar a cara para o otimismo. Mas não demora nada e a gente faz as pazes…

Um copo com água pela metade, para você, está meio cheio, ou meio vazio? Dependendo da sua resposta, você pode estar pessimista ou otimista. Pra mim, o copo hoje está pela metade – mais para vazio.

Mas estou com sede, e bebo tudo…

Voilà!

Gabriel Baroni diz:
*hahahaha
*e voce, pq que abandonou o blog? ¬
Jaque diz:
*estudando horrores, é tanta coisa pra escrever que quando tento por pra fora, nao sai
*deixei acumular demais
Gabriel Baroni diz:
*gostei muito da Sweet
*hahahaha
Jaque diz:
*meu pai é um genio!
Gabriel Baroni diz:
*demais.
Jaque diz:
*hahah eu sei
*hmm
*vou escrever lá
Gabriel Baroni diz:
*escreve sobre seu querido amigo Gabriel
*hahahhah

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sweet

Café da manhã com pai, conversas, torradas e o por quê da Geléia de Morango.

- Ta pensando em quê?
- Na Geléia de Amora, pai.
- Hã?
- É que a Geléia de Amora não tem gosto de Amora.
- rs

(Levantei e fui pegar a de Morango, aliás, Geléia de Morango tem gosto de Morango. E depois de uns 2 minutinhos em silêncio...)

- Pai, agora posso perguntar uma coisa?
- Ué, claro que pode. rs
- Como a gente descobre que deixou de amar alguém?
- Da mesma forma que a gente descobre que Geléia de Amora não tem gosto de Amora.

terça-feira, 16 de março de 2010

Trash

Acho que a ditadura continua dentro das pessoas, mas na forma de medo e preguiça de defender o que acreditam. Essa ditadura nova é muito mais eficaz do que a antiga, pois a antiga inflamava a defesa de melhorias e ideais, já esta torna todos uns mansos estupidos e satisfeitos em assistir ao Big Brother todo dia a noite... uma merda.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Olha só aonde a violência foi parar!

Hoje me deparei com a violência urbana na sua forma mais assustadora.
Ela não está mais só nas ruas, ela invade nossas casas, nossos carros. Mas o estrago maior é quando ela invade nossos pensamentos.

Hoje voltando pra casa tudo parecia relativamente tranqüilo. Me cedendo uma carona, o Edu passava lentamente com o carro (vidros fechados) por uma "comunidade". Com a despreocupação de quem pega esse mesmo caminho freqüentemente não reparei que parte dele é uma rua muito comprida e de mão única, onde de um lado há um canteiro de concreto e do outro um longo muro, o que não permite qualquer tipo de manobra, você só pode ir pra frente. E ao mesmo tempo a rua é cheia de quebra-molas enormes, o que impede qualquer tipo de fuga mais veloz. Só reparei no quão indefeso se fica ao passar por tal trincheira, pois hoje quando já chegava quase a seu fim vivi frações de segundo que se tornaram horas.

Em um piscar de olhos me vejo encurralada. Do lado direito da rua havia três homens atrás de um caminhão. Eles estavam prestes a dar o bote. Mesmo distante deu pra ver o clima de tensão e a adrenalina saltando dos olhos deles, que alias era a única parte de seus rostos que estava a mostra, eles usavam as camisas amarradas na cabeça para tapar o rosto. Uma agonia se instalou em mim e um calafrio percorreu as minhas costas até chegar as minhas pernas, que ficaram paralisadas. Para piorar, quando olho para o outro lado da rua vejo mais um elemento semelhante atrás de um poste. Um milhão de coisas passam pela minha cabeça, tudo em um segundo. Desde o valor do seguro do Edu até o quanto amo minha mãe, tudo me vem à mente. Vejo que os três homens do caminhão vem em direção ao carro. O Edu freia bruscamente e abaixa a cabeça. Já estou gelada de medo quando ouço: "1,2,3 Felipe, 1,2,3 Diego, 1,2,3 Bianca"

quinta-feira, 11 de março de 2010

Cinema: Lazer ou Estresse?


Antes de começar este post, preciso fazer alguns avisos:

1 – Trata-se de um relato cotidiano que despertou a fúria dos meus piores monstros, por isso, para quem não me conhece e nunca me viu nervosa, não se assuste.
2 - Eu não sou sou ranzinza o tempo todo, não costumo ser mal-educada e não é sempre que eu perco o controle e deixo o meu lado, digamos, barraqueiro entrar em ação, logo, não chego a representar um perigo para a sociedade.
3 - Não se preocupem, me disseram que isso tem cura.
4 - Me desculpo de antemão pelos palavrões, que serão, sem dúvidas, inevitáveis.
5 – Pai e mãe: não se envergonhem, todos sabem que essa não foi a educação que vocês me deram!

Terça-feira à noite, eu estava entediada e recebi um convite do Tico (post anterior) para ir ao cinema assistir O Segredo Dos Seus Olhos. Compramos os ingressos, e antes da sessão, jantamos na praça de alimentação do shopping, fomos a algumas livrarias, mas saí das lojas de mãos abanando, porque todos os livros que eu quero comprar estão bem mais em conta na internet. Sim, eu pechincho!

Comentei com o Tico que deveríamos fazer sempre isso durante a semana, porque toda vez que vamos ao shopping no fim de semana, eu me irrito com a movimentação, com as filas, com a barulheira, e antes de conseguirmos fazer qualquer coisa, eu já estou implorando para ir embora. É, eu sei, tenho só 17 anos, porém não tenho espírito aventureiro para certas coisas.

Mas o shopping estava calmo e bem longe de estar cheio, e ingenuamente, pensei que o cinema não fosse ficar lotado. Até porque era quinta-feira e a sessão só acabaria perto da meia-noite. Quando deu o horário de começar o filme, para a minha infeliz surpresa, avistei vários pré-adolescentes e até uma criança na fila, que, por sinal, não era uma fila pequena, o que já começou a me fazer questionar a cabeça das pessoas. O que levaria aquelas pessoas a ficarem numa fila se os ingressos são comprados antecipadamente com lugares marcados? Acho que brasileiro está tão habituado a ficar em filas, que fica nelas até quando não é necessário. Aff!

Já dentro do cinema, acomodada no meu assento, com os pré-adolescentes sentados duas fileiras atrás, adultos do meu lado direito (ufa!), e a tal criança que vi na fila – adivinhem! – sentou-se do lado esquerdo, ao lado do Tico. É verdadeira a premissa que diz que quanto mais medo você tem de alguma coisa, mais você atrai o que teme. E eis que o cinema ficou cheio. Então, seja o que Deus quiser, pensei.

Vale ressaltar que o cinema em questão fica na Barra da Tijuca, que não é um shopping que atende a todas as classes sociais, fica num bairro que tem o seu prestígio no Rio de Janeiro, onde espera-se que as pessoas que o frequentam tenham um pouco mais de orientação e educação.

O filme começou e a sala que eu pensei já estar cheia, foi enchendo cada vez mais. Isso mesmo, depois que o filme já havia começado, os retardatários (que não eram poucos) começaram a ocupar os seus lugares, entrando em suas fileiras, atropelando os que já estavam sentados, e impedindo a visão de quem tentava assistir o filme. Tive a impressão de que o shopping inteiro estava dentro daquela sala de cinema, olha o tal “poder da atração” de novo aí…

Eu juro que até esse momento eu estava calma e me comportando feito uma mocinha, apesar de estar pensando que a falta de bom senso das pessoas não têm limites, tentei abstrair e me concentrar para não perder nada do filme, e talvez eu teria até conseguido, se não fosse pela mulher sentada ao meu lado.

Ela simplesmente estava tendo um acesso de tosse, daqueles que acontecem a cada três segundos, e eu comecei a fazer um exercício de meditação: “Calma Jaque, ela não tem culpa de estar tossindo, isso poderia acontecer com você!”. Depois de alguns longos minutos de filme, mandei a meditação para a casa do ¨%$@#*&%$*#” e meu cérebro voltou a ser dominado por um turbilhão de questionamentos: “Se essa criatura estava com acesso de tosse por que não ficou em casa? Por que não esperou melhorar para vir ao cinema? Como ela consegue não se se sentir mal por estar incomodando os outros?”

Ela tossia cada vez mais e os intervalos de tosses iam diminuindo, e a minha revolta aumentando. Tico, ao perceber a minha inquietação, me ofereceu trocar de lugar com ele. Então olhei para o lado dele e vi criança, recusei o convite e lembrei que quando pensamos que as coisas vão mal, esquecemos que elas podem piorar ainda mais.

Dito e feito. Pouco tempo depois senti que o ataque de tosse da pobre coitada desprovida de bom senso melhorou um pouco, e foi então que as coisas começaram a piorar. Ela intercalava as tosses com os comentários sobre o filme em voz alta com os amigos ao lado.

Botei a mocinha comportada - que até então habitava em mim – de castigo, e comecei a pedir silêncio. Não adiantou. Desviei os olhos do filme, e virei a cabeça de lado, inclinei meu corpo e fiquei descaradamente encarando a mulher. Absolutamente em vão. Enquanto isso, o garotinho não entendia o filme e perguntava tudo para o pai, que, por sua vez, também respondia em voz alta. Puta-que-o-pariu, por que essa criança não estava assistindo ao Ben 10, Pica-Pau, Pokemon ou qualquer coisa do gênero infantil?

“Calma Jaque, calma… amigo, amigo… respira fundo!” – era quase assim que o Tico falava comigo quando sentiu que eu ia começar a dar ataques de ira. Pensei, mais uma vez: “Jaque, é só uma criança que não tem culpa de ter um pai idiota!”. Mas eu mesma me contra-atacava, e pensava: “Uma geração de idiotas criando outra, e eu não sou obrigada a conviver com eles!”. Tive vontade de largar o filme pela metade e ir embora, mas não achei justo com o meu bolso.

O filme teve 2 horas de duração, e do pouco que eu consegui assistir, gostei muito. Mas, não conseguia deixar de pensar que eu estava numa sessão de tortura disfarçada de cinema, ou participando de em algum teste de paciência, do qual fui irrevogavelmente reprovada.

O grupo de amigos ao meu lado (todos aparentavam ter mais de 30 anos, para o meu espanto), não contentes em apenas tossir e falar, ainda tentavam adivinhar tudo que aconteceria a seguir: “Quer ver como ela agora vai fazer isso? Aposto que ele agora vai dizer aquilo…”

Meeeeeeeeu Deuuuuuuuuuus, socorro! “Calma Jaque, são todos doentes mentais fugitivos de algum sanatório, só pode ser, só pode ser!”

Tirei de letra os chutes que levava na cadeira, de um casal empolgado atrás de mim, mas tive que reclamar, implorando por silêncio mais uma vez, quando a mulher ao meu lado fazia questão de demonstrar suas emoções a cada cena, enquanto tossia: “Óhhh, meu Deus – cof cof cof – tadinho! Que isso, gente? Cof-cof-cof – não acredito!”

Quando o filme terminou e os créditos começaram a aparecer na tela, finalmente consegui o que tanto desejei: silêncio. E alguém falou, admirado: “Nossa, que silêncio!” Eu não me segurei e falei em alto e bom tom: “É, só agora que o filme acaba é que as pessoas resolvem ser educadas!”. Enquanto isso, Tico se afundava na cadeira, tentando se esconder.

Pausa para uma pequena observação: tive que dar minha mão à palmatória para os pré-adolescentes, que foram os que melhor se comportaram nesse episódio. Sei que já tive meus 14 anos, e espero ter filhos um dia, mas confesso que tenho medo do que posso colocar no mundo quando vejo essa geração que acho, particularmente, alienada e extremamente irritante.

Os valores estão invertidos, é isso? Eu estou ficando velha? Fiquei desatualizada e não fui avisada que saiu de moda fazer silêncio dentro do cinema? Todo mundo acha isso normal? Só eu que me aborreço?

Sinceramente, tô confusa. Mas, a cada dia que passa, tenho certeza de uma coisa: está ficando cada vez mais difícil viver em sociedade, e se eu pretendo viver por muito tempo e em condições mentais saudáveis, de preferência, preciso me cuidar, para o meu próprio bem. Eu é que preciso mudar e exercitar o meu espírito esportivo, literalmente.

Voltei para casa pensando em aprender metidação ou fazer yoga, quem sabe? Ou será que seria o caso de tratamento psicológico? Podem me dizer o que acham, eu sou forte, vou aguentar!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Ser grande é pra poucos




Tem um cara lá na minha escola que é a maior “figura”. É um velho engraçado, faz caretas e se chama João José do Nascimento, mas todos o conhecem como Bob, Bob Estrela.

Bob morreu hoje.
Levei Bob ao hospital e mesmo assim ele morreu.
Queria escrever algo bonito sobre Bob.
Eu gostava do Bob. Mais do que eu imaginava, eu gostava dele.
Estou triste.




Era por volta de 1:30 da madrugada do dia 7 para 8 de março de 2010, eu tomava banho de mar. Pra limpar tudo de Sousa Aguiar que estava na minha carne. Procurava me divertir pra tentar impedir que aquela noite fechasse com chave de lixo.


Parecia um bicho o modo como foi maltratado. No ferro gelado o puseram. E gelado ficou o velho que de tão quente era brilho, era estrela.

O neto não vem, o filho nem liga (tiveram uma briga é o que disseram). Sem ninguém.

-Qual é mesmo o nome dele, hein?

-João José do Nascimento.


Só lamento não ter feito nada pra impedir. Deixamos o velho partir.
E no dia seguinte nada de luto, ninguém puto na escola. Um dia normal. Nada escrito no jornal. Ele passou em branco, só mais um velho preto que morreu. Não era parente meu, nem seu. Não era de ninguém, mas me fazia um bem olhar praqueles dentes tortos, praquela cara de gaiato... alegrava meu dia. com suas Bob-Bobeiras.

Que prazer eu tinha de lanchar com ele na esquina! Mas ele morreu e a chinesa do bar continua fazendo a mesma quantidade de salgados. Ele morreu e nada mudou no mundo, nem no Brasil, nem na Rua 20 de Abril (onde ele morava). Em um ano ou dois ninguém mas vai se lembrar dele... e os carros vão passar, e a vida vai seguir como se o velho Bob nunca houvesse existido.

Mas sempre que eu passar na frente daquele hospital vou ficar um pouco mal por lembrar daquele dia escroto e saber que há algum outro velho morto na mesma maca de ferro frio.